domingo, 25 de março de 2007

First Fart

E eis que surge o primeiro gás. Assim se cria um blog.
Agora mãos à obra!

1 comentário:

luisjorge disse...

Uma pessoa já vai nisto do cinema há alguns anos e ao fim de outros tantos contam-se estórias bizarras de projectos cinematográficos, guiões nunca terminados, filmagens, tardes de ideias enfiadas num café, conversa e nada. Um pouco á moda dos cinemas de boa programação que nunca chegaram a abrir, nós soubemos seguir-lhes os passos.
Pois bem o grupo cresceu e emigrou para longe dos cafés, formaram-se. Hoje animais engenheiros e doutores, subversivos e inquietos andam por ai á solta dentro do país inteiro.
Dá-se um trambolhão, a conversa adapta-se, faz-se o chamamento e o que se proporciona é a oportunidade de aceder ás diferentes visões deste grupo variado de crápulas devotos á projecção continua ininterrupta de fotões que facilmente confundidos com a pessoa de género recorrente são afinal super estrelas de uma arte, invisível, ainda.
Mas se isto é ainda falso, resta o antigo, a sala escura, o cinéfilo, o silêncio.
De qualquer modo o seu a seu dono e precisamente porque de uma forma ou outra isto não tinha porque ter acontecido, ovação á experiência mui positiva da mão do senhor engenheiro Rui Barreira.

Sobre o expressionismo cinematográfico Alemão

Seguindo cada um a sua fantasia, começo pelo princípio da minha.
O passado do que aqui se fala é feito de um incontestável branco e preto mas é também feito de muitas outras impressões tão fortes como esta e que transformavam o aborrecido desse daltonismo numa realidade estranha quase sempre muito sugestiva. Neste processo maneirista mistura-se o trabalho de alguns pintores (em meu favor o de Kokochka, kadinsky e Munch) com evidentes repercussões não na cor (ainda que haja actualmente tentativas disso pela escola de Murnau) mas sobretudo na estética. E porque falar disto é falar do trabalho de mestres como o de Fritz Lang em “Metropolis” ou de Murnau em “Nosferatus” é precisamente por este último que queria iniciar o meu percurso pelo blog.
Terá sido por esta cultura do fantástico, primeiramente pelo universo vampiresco de Bram Stoker e posteriormente pelo romanticismo mudo de coisas como “Aurora” que descobri o cinema na forma aproximada ao modo como hoje o concebo.
Mas sobre o nome de Murnau fica a promessa para outra altura. Falamos de expressionismo Alemão, situamo-nos no ano de 1919 e na criação do primeiro mito do cinema “O gabinete do Dutor Caligari” (Das Kbinett des Doktor Caligari).
O argumento do filme decorre da imaginação do poeta Checo Hans Janowitz e o Austríaco Carl Mayer assim como de acontecimentos que ambos presenciaram num espetáculo de feira em Hamburgo onde um homem fazia milagres de força num aparente trance Hipnótico. O guião seria apresentado a Erich Pommer quem o acabaria por propor a Robert Wine (realizador checoslovaco pouco conhecido) depois de ter sido recusado por Fritz lang em favor do término do serial “as aranhas”.
A estória transcorre numa aldeia fictícia (HostenWall) situada no norte da Alemanha perto da fronteira Holandesa onde o médium Cesare comete uma série de crimes sob as ordens hipnóticas do Dr. Caligari.
A ideia dos guionistas seria segundo algumas opiniões, alheias á minha, denunciar a actuação do estado Alemão que durante a primeira grande guerra utilizou os seus súbditos como Caligari a Cesare.
A minha posição sobre o assunto é bastante menos especulativa que a suposta mensagem politica. Radicando o ponto forte desta nova corrente estética nos impressionantes decorados distorcidos com chaminés obliquas, ruas contrafeitas, casas atravessadas ou janelas em forma de flecha com um elevado efeito dramático e psicológico, a temática não poderia ser outra que o inconsciente, o crime, a agressão, o desejo, erotismo e por ai fora.
A atmosfera é em suma inquietante, ameaçadora, as personagens altamente estilizadas, tudo acompanhado por ainda uma invejàvel banda sonora como aliàs è representativa do gènero. O expressionismo surge assim com “o Gabinete do Doutor Caligari” fazendo uso das linhas das formas e dos volumes como uma introdução directa no estado de ânimo que se pretende injectar em forma de nervo.
Talvez o expressionismo não pudesse surgir fora do angustiante contexto político-social Alemão, e é como reflexo a única forma em que consigo entender alguma espécie de mensagem político. Fora isto arte, fora isto cinema.

“Não amamos tanto o cinema pelo que é como pelo que será”
Manuel Proust