sábado, 26 de maio de 2007

Em resposta á crescente uniformização da crítica cinematográfica...

Procuro redefinir o crítico, ou antes o espectador, mas isto é a definição do cinema?
Posso começar por perguntar, é o cinema uma manifestação de ordem estética sujeita a uma valoração Histórico-sociocultural?
Para quem o cinema parta deste princípio e para mim parte, situa-o em referência á arte. Daqui nasce por princípio que aquele que produz cinema produz por conseguinte arte.
Procuro redefinir o crítico, proponho a anterior valoração fora de toda passividade ate agora revestida . Respondo em primeiro lugar com esta Valoração Histórico-sociocultural como o próprio processo assim como a única forma possível de produzir arte.
Procuro redefinir o espectador, afirmo todo a atitude contemplativa como condição primeira deste e então toda a tomada de consciência activa do mesmo como o processo de valoração atrás descrito.
O produto artístico, dentro da definição do cinema, o filme, nasce então da recriação realizada pelo espectador crítico que neste instante passa a produzir arte.
Procuro o elogio ao radicalismo de forma a dar resposta á crescente uniformização da critica cinematográfica. Enquadrados num universo de apenas pouco mais de 100 anos de existência não dispomos ainda de uma linguagem precisa no relato critico ou o que é o mesmo, na reconstrução holística do real, do filme.
Apesar disto faz-se incursão numa espécie de molde a partir do qual se estrutura toda, ou a maioria da critica hoje existente, pobre.
Veja-se o método utilizado de forma sempre incompleta em tudo ao referido a obras como as registadas por David Lynch. O sentimento é de estranhez geral…expresse-se então essa estranhez até á fibra mais sensivel até á ultima precisão de ideia evocada.
Quero o radicalismo, que se goste ou não se goste mas luz na valoração, tirem-se cursos de anatomia comparada.
Aqui estamos para dissecar cinema, seja-mos brutos e gozemos desta época dourada da infância de uma arte... pode-se foder, esfolar perseguir e matar tudo o que se quiser. Vive-mos na glória do que o cinema È ainda sem o ser. Seremos por isso a inveja de um tempo de representação livre, de filhos consagrados ao prazer religioso como que ao culto do ainda inextricável, Cinema.
Para a libertação do Realizador e libertação do Espectador, um Memorando a todos os que aqui nos encontra-mos como recriadores ou antes criadores de Cinema.

Tínhamos melómano… Bem e com isto amplia-se a temática…

5 comentários:

capitaotimor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
capitaotimor disse...

Uma mais valia para o blog, depois de se falar de cinema em si e do objecto cinematográfico, teorizar, com tudo o que de discutível que acarreta, acerca do consumidor de cinema. Claro que eu acho que já não vivemos a infância do cinema, nem sequer uma adolescência pois essa apareceu com a televisão, a cultura pop tem períodos temporais muito mais curtos. A proliferação da opinião que acontece com a internet, veja-se o nosso caso, conduz a uma uniformização da hetereogeneidade da mesma (parece um contrasenso), quem diz mal diz mal da mesma maneira e quem diz bem idem.
Reflexões como a tua só ajudam à discussão. E continua a acreditar neste blog que isto anda um pouco parado.

Rui disse...

Leio, leio, leio... Penso e repenso. Mas concluo o quê?
Que sentimos frustração por não termos os outros a analisarem os filmes da mesma forma que nós, ou sentimos tristeza por não haver uma discussão mais acesa em torno do cinema que tanto adoramos.
Concordo plenamente que sem nós espectadores não haveria criação de cinema, e o exemplo em torno de Lynch parece-me mais que adequado para abordar esse tema. Mas se virmos a questão por aí, conheço quem não gosta de Lynch porque espera que o cinema lhe conte uma estória.... e não encontram uma estória no cinema de Lynch. Interpretações sobre os filmes de Lynch à parte, o que pretendo é mostrar que os filmes são fruto fruto das nossas vivências, aquilo que cada um tira de um filme é um reflexo de si. Se agora pensarmos que vivemos numa sociedade cada vez mais estandardizada, em que todos somos cópias de cópias de cópias é fácil compreender que a crítica, cinematográfica, literária, musical.... seja cada vez mais uniformizada e desinteressante. Em que a liberdade já está limitada pela sociedade em que se insere.
Net.... essa maravilha de espaço e opinião, dá para tudo, mas eu como consumidor de net já tenho a minha predilecção por algum sítios em que encontro a informação que gosto tríada como gosto... Limito a minha visão das coisas, por maior que seja o leque de pontos de informação. Claro que se toda a gente ler o ipsilon, todos teremos a mesma visão do facto...

Sem mais... Até à próxima

luisjorge disse...

Parece-me que a discussão nasce num único ponto, Internet á parte, em que momento histórico se quer inserir o cinema.
Primeiro afirma-se que o Cinema é já uma arte adulta depois faz-se afirmar que o espectador funciona a nível de uma reprodução à vez Única, Inacessível. Parcelar no melhor dos casos!
Conclusão, estão ambos de acordo que o cinema é um instrumento de criação “recriação” em pleno estado de madures e que assim o mais que consegue é sempre por natureza um produto particular ao que lhe assiste, o espectador. Assim vários espectadores e não um espectador. E em relação à minha critica, vários produtos (filmes) e não um produto (o filme).
Mas o que afinal a minha crítica determina é em primeiro lugar o espectador como critico e então o filme como recriação crítica, ou seja a única forma do cinema se instituir como um recurso á comunicação…esta em primeira instância em forma de arte.
Falava precisamente de se extremar o discurso individual, extremar todo o tipo de comentário em função de um grande armazém de impressões. È este, a meu ver, a única forma de tirar algum tipo de paralelismo em direcção a uma linguagem comúm, capaz de com o tempo integrar o filme em toda a sua realidade, como objecto um dia acessível a todo o espectador por igual. E aos que pensam que isso não é mais que o fecho, morte do cinema, é para mim a afirmação do cinema como instrumento directo do que até aqui se chamou de Filosofia.
Talvez me faltasse insistir na palavra Espectador… Em relação à anterior Resposta frente á crescente uniformização da crítica cinematográfica propunha término ao espectador é certo! Mas antes afirmo poder gozar do direito que ainda me assiste, afirmo falar de infância e por isso de liberdade.De dar possibilidade a este blog em forma de escape ao espectador que se institui ainda sem suporte para o fazer.
A critica deve hoje ser radicalizada para num futuro voltar a convergir. È só que não nos encontramos ainda na devida idade para essa convergência, que é a norma.


Em relação á Internet…alarga o mercado, estimula a produção, estendem-se as possibilidades…alternativa… poupa-mos caminho em direcção ao que atrás registo

Anónimo disse...

Bem hajam a todos os que tiveram a iniciativa de criar um sítio onde se trata de um assunto tão fascinante como a arte da representação, nomeadamente, do cinema..
luisjorge serás capaz de me aconselhar sobre algum filme onde um dos protagonistas seja um arruaceiro, com um cenario de um amanhecer e um toque de romeu e julieta?