quinta-feira, 26 de abril de 2007

O último capítulo na última sessão...

A última sessão no último dia... Bem a minha vontade de ver o filme na realidade não era muita , mas depois de sair da sala de cinema nem acreditei. Já nao me lembrava de um filme com um impacto de imagem tão forte. O nome do filme é The Fountain do Darren Aronofsky com Hugh Jackman e Rachel Weisz... Para mim é uma declaração de amor perfeita, mas regida pelo incontrolável impulso juvenil de ser contada. Um filme estranho pela sua familiaridade. O esquematismo anárquico de The Fountain faz apostas e sacrifícios numa trama insumarizável, esotérica, que sugere estímulos intelectuais apenas para se revelar num melodrama extremamente doce. Alinhando as obras anteriores de Darren Aronofsky numa espécie de trilogia dos falsos deuses: a fé nos números em “Pi”, a fé nos vícios em “Requiem for a Dream” e a fé pura e simplesmente em “The Fountain”. Darren Aronofsky, que sempre falou a linguagem dos estímulos visuais (o ritmo paranóico em “Pi”, a lisergia em “Requiem for a Dream”) ,mas ao mesmo tempo tão comunicativa que na platéia só aumenta a sua aura. De notar também o excelente papel representado por Hugh Jackman (Talvez o melhor de sempre na sua carreira...).
Cumprimentos a todos os utilizadores e administradores do blog.

9 comentários:

Rui disse...

Muito bom puto!! Sou obrigado a concordar com tudo o que dizes no teu post. Só quero acrescentar que este filme é o culminar de muitos anos de avanços e recuos do realizador, tendo trocado de protagonistas já no decorrer do projecto, o que fez baixar o orçamento inicial. E se com um orçamento mais baixo fez uma obra de uma beleza, a meu ver, indescitível, imaginem o que seria com mais dinheiro... Para finalizar, sugiro quem não viu a que veja.

@nibes disse...

ok. vou tentar ver. Ando em busca do "A scanner Darkly".

luisjorge disse...

Ainda não sendo ninguem para falar, não vi o filme, ainda assim quero falar...é que me foi impossivel não deixar de ler qualquer coisa acerca the Fountain e assim também me é impossivel não deixar de escrever qualquer coisa sobre o assunto.
Á priori completamente de acordo aqui com o João que acima de tudo parece que sempre viu um Bom Filme...Depois o desentendimento com o comentário acima postado...o orçamento inicial não faria melhor, acho! a coisa está nisso de encontrar a alternativa e quando esta aparece, Eis a Obra!
Até porque O Brad Pitt já não é menino para estas brincadeiras, nem estas brincadeiras precisam que o Brad Pitt as venha publicitar...
Bem mas o melhor é mesmo estar calado...ver o filme...e saber do que falo...
Cumprimentos á cinófilia

luisjorge disse...

"Não é preciso tanto dinheiro como se pensa. A idéia do cinema como superprodução é para ser superada, é uma bobagem, é antiquada. É preciso acabar com essa idéia. É uma mentira dizer que é necessário um mundo de dinheiro para fazer um filme."
Lars von Trier: a estética pós-Dogma

Rui disse...

prontos... finalmente polémica! Se vires o filme compreendes que a grandiosidade das imagens é conseguida recorrendo a muitos recursos técnicos. O aumento do orçamento nada tem a ver com a super produção de explosões e grandes construções, neste caso teria a ver com um ainda maior refinamento da imagem e da capacidade de ir mais além no que se refere aos cenários. Certamente que o Von Trier tem a sua visão do cinema, os filmes do Terry Gilliam são um disparate no que toca a custos. Conclusão, o importante é fazer bom cinema, com muito ou pouco dinheiro.

capitaotimor disse...

só pra lembrar que o Pi do mesmo realizador foi realizado por tuta e meia e mesmo assim esteticamente é um prazer. Apesar de com muita pena minha não ter visto o The Fountain até concordo com os dois, mais dinheiro possibilita muitas vezes melhor aspecto visual, mas no fundo o talento do realizador é o mais importante. A velha problemática artística forma ou estética/conteúdo, o belo pode ser mau ou será sempre bom ou apenas irrelevante?

luisjorge disse...

Não queria pegar no assunto antes do filme mas desgraçado e depois de cinco salas onde the Fountain passava, sim! mas dobrado também, como de resto é habito em Madrid, não pude deixar de ripostar, outra vez!
Continuo sem ver o filme, de qualquer forma siga a disputa...que se entenda, dou razão a isso das finanças em prol da qualidad técnica, o que digo é que nem sempre o perfeccionismo cai bem!
Quem nao aprecia aquela imagem antiga e granulada? Ou por outro lado a proximidade conseguida na pessima qualidade daquilo de Blairwitch!É que foi devido ao dito orçamento que o senhor Aronofsky foi obrigado a substituir determinadas técnicas por outras, claro, efeitos diferentes, não peores!
acerca do que digo, li por exemplo qualquer coisa acerca de um tanque de agua e outros metodos alternativos e pelo estilo do baixo custo...Que a imagem e os cenários podiam ganhar de outra maneira? não vi o filme, mas é mais do que provável que sim. Que o filme podia ganhar mais com esses cenários? tenho mesmo que ver o filme... A pergunta é: este filme exige esse perfeccionismo ?
O joão diz "Já nao me lembrava de um filme com um impacto de imagem tão forte." por aqui surge uma resposta, o filme podia conseguir maior impacto. Pergunto pela necessidade disso...bom argumento boa imagem...equilibrio, pelo contrario a coisa ou se torna aborrecida ou se torna artificial...claro que ha casos á parte...é o caso de The Fountain?

Rui disse...

Como é óbvio, não te vou deixar ficar com a última palavra. Eu também sou um apreciador da utilização da imaginação para o desenvolvimento de técnicas de filmagem, as quais muitas vezes criam ambientes divinos. Como também gosto muito da imagem granulada do cinema clássico. Da digital não gosto muito, mas se bem utilizada pode criar um belo efeito. O que tu pareces não querer compreender, é que se ele fez isto com os recursos que teve, e tendo em conta o historial dele, estou certo que as imagens e os ambientes representados poderiam ser melhores, e ressalvo o poderiam... Imagina o Metropolis sem a grandiosidade dos cenários. É óbvio que o Lang não tinha ao seu dispor os meios técnicos que hoje, eu e tu inclusivamente, existem. Parece-me claro que a sua melhor arma era a imaginação, só assim conseguiu fazer um filme intemporal, mas estou certo que para o período em que o filme foi produzido, ele tinha por certo os melhores meios técnicos da altura. A meu ver, eu e tu temos exactamente a mesma opinião, apenas a atiramos cá para fora de modos diferentes... E como o mal da sociedade é a dificuldade em comunicar, embora digamos que falamos todos a mesma língua, o normal é que surjam discussões de temas tão inconsequentes quanto este. Talvez devessêmos gastar energia a discutir porque é que não fazemos nós esse filme imaginativo, com uma imagem caracteristica, com um argumento belo e ao mesmo tempo com uma linguagem acessível a todos os públicos,... heim? Sim, é um desafio!

luisjorge disse...

Estamos quase nisso Rui, está quase...
Vi o filme, assisti antes á morte de um realizador. Não tenho mais nada a dizer... O antigo trabalho é experimental, é bom. Este "The Fountain" marca a entrada de um trabalho maduro, o que seria a anunciada estreia de Aronofsky, não presta.
Quanto á imagem, em sintonia ou não, reafirmo o dito.
Quanto á ideia, e isto é novo, reconheço originalidade e acima disso o meu interesse...quanto á forma como a transmite, é fácil (não encontro nem "esquematismos anárquicos" nem muito menos uma "trama insumarizável")repito: não presta.
Talvez a culpa não seja do senhor mas dos senhores que sopram na minha cabeça o grande inchaço da ilusão.